"Assim como a maneira como fomos nutridos em nossa infância determinará o quanto seremos bons nutrindo os demais, também o tipo de autoridade que tivemos de nosso pai nos primeiros anos de nossa vida determinará como nos relacionaremos com as figuras de autoridade e responsabilidades no futuro."
NUNCA VI UMA FOTO DE MINHA FILHA COM O PAI.
FIGURA PATERNA
Todas as palavras tão ampla e largamente associadas à figura paterna ao longo de décadas - autoridade, futuro, destino, reputação, lugar social, segurança, estrutura, provisão, rigorosidade, lei - são também palavras associadas na Astrologia a Saturno/Capricórnio, e se relacionam de imediato com os significados representados pela Casa 10 no Mapa Astral. Foi só no final do Século XX, início do Século XXI que nos encontramos com uma representação social mais amigável, generosa, participativa, equitativa para a figura paterna.
Segundo a teoria da psicanálise lacaniana, o vínculo do filho com a mãe (Lua) é um vínculo forte e importante para a construção da personalidade individual, mas é um vínculo que pode impedir o crescimento do indivíduo se não for cortado no momento certo da maturação individual. A relação mãe x filho, segundo Freud (base de Lacan) é uma relação quase visceral: o filho acredita até determinada idade que a mãe é uma extensão do seu próprio corpo, e é só com o amadurecimento físico e das funções cognitivas que vai entendendo que ela é um ser diferente a ele. Na medida em que aumenta a sua consciência desse fato incontestável, aumenta também seu sentimento de posse em relação a sua progenitora, entre outras coisas, por medo de que lhe falte sua fonte de segurança: sem a mãe sua própria existência está ameaçada.
Aqui seria, segundo Lacan, quando entra em cena a tão necessária figura do pai, autoridade externa a essa relação visceral (Saturno, casa 10) que vem cortar esse vínculo (Lua, casa 4) para que tenha lugar um outro tipo de relação mãe x filho. A simples existência do pai na relação familiar mostra ao filho que aquela mulher não é sua, e mostra à mãe que aquele ser não lhe pertence. "Separando" o filho da mãe, permite que o filho possa crescer fortalecido e sair ao mundo em busca de uma mulher que "seja como" mamãe, mas que não seja ela, que seja outra. Lacan elabora um pouco mais e diz que ao ser autor desse corte, que se dá a nível inconsciente para todas as partes, o pai está garantindo ainda à mãe um lugar de mulher, de esposa, sem deixá-la circunscrita exclusivamente à função materna.
"Um Saturno bem posicionado no mapa por signo e/ou por casa, sem aspectos tensos com os luminares (Sol ou Lua) garante uma boa relação com as autoridades na vida adulta"
-COMO EU ME RELACIONEI MAIS COM MEUS AVÓS MATERNOS...NÃO TIVE ESSES DOIS VÍNCULOS.
PRIMEIRA INFÂNCIA
Poderíamos dizer, então, que o eixo 4-10 (pai - mãe / vida social - vida privada) do mapa fundam a nossa existência como seres humanos, ou seja, sustentam o eixo 1-7 (eu - o outro). Será a partir do que recebermos e vivermos em nossa casa 4 que seremos mais ou menos capazes de construir uma casa 10 bem sucedida, bem estruturada. Será de acordo com o que recebermos física e emocionalmente em nosso primeiro lar, em nossa primeira infância, que seremos mais ou menos capazes no que respeita à vida social e profissional.
Tão determinante como tudo isso possa ser na personalidade do ser humano, as relações no mapa entre Sol, Lua e Saturno ajudarão a identificar claramente que tipos de relações com o pai e com a mãe a pessoa vivenciou em sua primeira infância, e como isso afetou sua personalidade.
Um Saturno na Casa 4, por exemplo, costuma ser encontrado no mapa de pessoas a quem faltou esse sentimento de aconchego e contenção no lar de origem, e que ao crescer, saiu em busca de formar o próprio clã. Nesta casa, Saturno costuma indicar uma dificuldade na relação com os pais e com a família na primeira infância, situação que provavelmente se reverterá com a chegada da maturidade emocional e com a formação da própria família. Quando em aspectos tensos com o Sol, ou em seus signos de queda / exílio (Câncer, Aries ou Leão), Saturno se manifestará, muitas vezes, como uma dificuldade para aceitar autoridade, dificuldade para se impor ou como uma dificuldade para avaliar qual a responsabilidade que nos corresponde nas diferentes situações da vida (Saturno / Sol). Mulheres com aspectos natais tensos entre Saturno e Sol, por exemplo, provavelmente tiveram na infância uma figura paterna de pouca relevância no contexto das responsabilidades e atividades da família, o que resulta em uma atitude diante da própria vida que pode chegar a desvalorização da capacidade masculina de administrar e resolver problemas. São mulheres que tem dificuldades em dividir responsabilidades e em confiá-las ao parceiro. Elas podem acumular títulos universitários e auto-suficiência, mas costumam inconscientemente DESMASCULINIZAR o homem ao seu lado.
Diante de tudo isso, cabe a pergunta: o que funciona melhor na formação da personalidade individual? Um pai permissivo, generoso, participativo ou um pai educativo, rigoroso, restrito e justo? A verdade é que ambos são necessários para a criação de um ser humano em equilíbrio. Se pensarmos que na roda zodiacal Júpiter (regente de Sagitário e da Casa 9) vem antes de Saturno (regente de Capricórnio e da Casa 10), poderíamos inferir que antes de ter Saturno (ou seja, rigor, responsabilidade, estrutura) deveríamos ter Júpiter (generosidade, flexibilidade, maleabilidade).
Por outro lado, é só estando de posse de limites, princípios e valores internos bem estruturados que seremos capazes de flexibiliza-los, sem cair em excessos de permissividade ou de rigor. Assim, proponho a que pensemos em Saturno como algo que ocorre antes de Júpiter: quando estamos, no curso de nosso desenvolvimento, vivendo nossa casa 4, antes de passarmos a Casa 5 (namoros, criações e prazeres), recebemos um corte proferido desde "os céus" (casa 10) direto sobre a gente, em nossa casa 4 e na relação com nossas mães.
Recebemos esse corte que define, determina e nos libera para outra etapa. Sem esse corte, ficaríamos estancados naquela idade psicológica, naquela relação, sem sermos capazes de avançar para a etapa seguinte. Sem essa "quebra" na nossa primeira infância, todo o seguinte não seria possível. E só é possível ser generoso sem ser anárquico quando ha um conhecimento de base, de princípios e valores morais, de leis, que nos permitam relaxar sem incorrer na perda de controle. Portanto, com um bom Saturno de base, sejamos todo o Júpiter que queiramos ser.
Um comentário:
"Um Saturno bem posicionado no mapa por signo e/ou por casa, sem aspectos tensos com os luminares (Sol ou Lua) garante uma boa relação com as autoridades na vida adulta"
-COMO EU ME RELACIONEI MAIS COM MEUS AVÓS MATERNOS...NÃO TIVE ESSES DOIS VÍNCULOS.
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