EU TE AMO MINHA FILHA,ARTHUR AUGUSTO E CHRISTIANO TAMBÉM!
A cada vez que nasce uma criança deveria, também, nascer uma mãe. Para
cada novo filho, uma nova mãe, dada a singularidade de cada um. Esta afirmativa
é para, ao contrário do que imaginamos, dizer que ser mãe não é algo natural.
Diferentemente do mundo dos irracionais, onde os animais são dotados de
instinto e os pais não têm como obrigação, nem função, apresentar o mundo aos
seus filhotes e nem prepará-los para o mundo porque instintivamente tudo já
está posto e se um filhote se perde na natureza ele é capaz de sobreviver
pois tudo que necessita saber está instintiva e geneticamente estabelecido. No
reino humano não é assim que acontece. Nós, humanos, por não nascermos prontos,
diferentemente dos animais, precisamos ser formados, estruturados emocional e
psiquicamente e esta estruturação depende de alguém que a faça, que a construa,
que atue no desenvolvimento de uma criança.
Isto posto precisamos buscar compreender qual é, então, a função materna. O
que significa, então, ser mãe. Precisamos compreender que a função materna vai
muito além dos cuidados formais como amamentar, trocar fraldas, dar
banho, dar papinhas e outros cuidados essenciais para o desenvolvimento físico
da criança. Tão ou mais importante que isso, faz-se necessário observar o como
se estabelece a relação mãe/filho. É do modo com que estas relações são
constituídas, construídas, e da intimidade destas relações, da vivência afetiva
destas relações, que a criança adquire a capacidade para se relacionar com o
mundo. É a partir da qualidade deste relacionamento, da postura da mãe, do
desvelo, do apreço, do carinho, do afeto, dos afagos maternos que a criança vai
se conhecendo e se preparando, para, enquanto sujeito adulto, se relacionar no
mundo e com o mundo. Por ter esta importância, diria psicologicamente
vital, para a formação de um sujeito, que é de extrema necessidade a
compreensão de que para ser mãe, para desempenhar a função materna, é preciso
uma consciência da importância e da responsabilidade do desempenho desta função
na construção emocional e psíquica de uma criança, o adulto de amanhã. É desta
relação da criança com quem lhe cuida, dando carinho, afeto, afeição, apoio,
proteção, que começa a construção da estruturação psíquica desta criança. Das
primeiras marcas, da primeira construção de como se relacionar, de como aceitar
e posteriormente ofertar tudo isso que ela teria recebido de forma satisfatória
é que vai ser construída a base psicológica e emocional para a qualidade das
suas relações futuras. Começa, neste momento, nesta relação íntima e simbiótica
com quem desempenha a função materna o aprendizado de como se relacionar no
mundo.Porém, não podemos deixar de considerar que para a eficácia da estruturação psíquica de uma criança é de modo tão importante quanto o exercício da função materna, o desempenho consciente e eficaz do exercício da função paterna. E mães e pais precisam compreender isso. Facilmente compreendemos que, uma criança recebendo todos estes cuidados maternos, tendo na relação com a mãe, ou com quem lhe cuida, uma satisfação intensa, segura e prazerosa, não queira dela se separar. Neste momento aquele que desempenha a função paterna tem um papel psicologicamente essencial para realizar a separação simbólica, desta criança, da sua mãe. Neste momento quem desempenha a função paterna deve tomar essa criança pela mão e conduzi-la para apresentar-lhe o mundo. É desta separação que tornar-se-á possível o desenvolvimento da autonomia de uma criança. É da intimidade de uma relação e de uma convivência saudável com uma mãe que acolhe, afaga e aconchega, e com um pai que mostra-lhe o mundo com suas normas, suas regras, com os padrões representativos de uma sociedade, que decorrerá a construção de um adulto mais seguro de si, emocional e psiquicamente, e, por consequência mais preparado para enfrentar as vicissitudes que o mundo lhe apresentará.
Gilberto Rodrigues
Psicólogo, Bacharel em Direito, Poeta e Escritor.
Um comentário:
O que significa, então, ser mãe. Precisamos compreender que a função materna vai muito além dos cuidados formais como amamentar, trocar fraldas, dar banho, dar papinhas e outros cuidados essenciais para o desenvolvimento físico da criança.
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