NOSSA LUTA

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Se tivéssemos sempre a coragem de DENUNCIAR O QUE ESTÁ ERRADO (a criança é um autêntico dedo-duro), haveria menos oprimidos, menos escravos, menos injustiças.

O que podemos aprender com as crianças?

Marienca G. Maicas

Uma criança, especialmente na fase que vai até os três anos de idade, é um ser humano cheio de naturalidade, cujo exemplo os adultos muitas vezes podem seguir.

É claro que não se trata de bancar o “moleque”. Não devemos imitar alguns aspectos negativos dessa época da vida como, por exemplo, o egocentrismo (as crianças acham que são o centro do Universo). Tampouco deveríamos passar a vida remedando os outros, sentindo impaciência por não ter o que os outros têm ou gabando-nos de ter o que os outros não têm, já que muitas vezes são coisas que nem sequer nos convêm e das quais nem precisamos.

Também não deveríamos copiar a falta de generosidade de algumas crianças, nem a sua mania de ser “do contra”, sobretudo naquilo que suponha um risco para a nossa saúde ou para a nossa vida.

Mas em oposição a tudo isso, há uma porção de coisas que sim deveríamos aprender com as crianças pequenas. Coisas que nos valorizariam e, sobretudo, nos ajudariam a ser mais felizes.

Se copiássemos a sua CAPACIDADE DE APRENDER e a sua insaciável CURIOSIDADE, seríamos pessoas mais cultas, que não ficam paradas nuns determinados conhecimentos nem petrificadas numa idade mental qualquer, sem poder amadurecer.

Se tivéssemos a sua INOCÊNCIA, a sua HONESTIDADE e a sua SINCERIDADE, viveríamos melhor e contribuiríamos para melhorar o mundo: faríamos dele um lugar em que as pessoas pudessem tomar decisões com mais liberdade, pois teríamos evitado semear a dúvida e o desengano.

Se quiséssemos ter o seu ESPÍRITO DE LUTA, ninguém se conformaria com uma vida medíocre: trabalharíamos para obter tudo aquilo que desejamos, pois não nos desanimaríamos diante dos desafios que a vida nos apresenta.

Se aprendêssemos, como elas, a desenvolver a IMAGINAÇÃO e a CRIATIVIDADE, todos poderíamos ser pessoas brilhantes, cada uma no campo que escolhesse; a “genialidade” não seria exclusiva dos superdotados.

Se fôssemos capazes de PEDIR AJUDA, como faz uma criança pequena quando vê que vai cair, seríamos pessoas mais fortes, porque as nossas energias não seriam desperdiçadas em assuntos não podemos realizar ou resolver sozinhos.
Se, como elas, ACEITÁSSEMOS A NÓS MESMOS, com os nossos defeitos, com as nossas virtudes e com as nossas limitações, deixaríamos de comparar-nos com os outros e teríamos mais respeito para com os nossos semelhantes.

Se soubéssemos DEMONSTRAR OS SENTIMENTOS que nascem no nosso interior, como o amor, a raiva e a frustração, além de vivermos mais tranqüilos – sem acumular ansiedade, rancor e frustração –, teríamos mais saúde física e mental; e não usaríamos o sorriso como máscara, mas com total espontaneidade.

Se nos aventurássemos a DESMONTAR A “CAIXINHA DE SURPRESAS” para ver o que tem dentro, não seríamos tão superficiais à hora de julgar um comportamento nem nos satisfaríamos com bonitas aparências, pois teríamos aprendido quais são os mecanismos que nos causam a surpresa.

Se tivéssemos o seu ENTUSIASMO e a sua VONTADE DE VIVER, veríamos que cada dia tem o seu próprio objetivo, o seu encanto e a sua razão de existir.

Uma criança é capaz de brincar com as outras crianças sem preconceitos de idade, raça, sexo ou condição social. Se pudéssemos CONVIVER com os outros seres humanos com essa mesma familiaridade, deixaríamos de utilizar palavras como “discriminação”, “diferente”, “inferior”, etc., com relação a eles.

Se tivéssemos sempre a coragem de DENUNCIAR O QUE ESTÁ ERRADO (a criança é um autêntico dedo-duro), haveria menos oprimidos, menos escravos, menos injustiças.

Se tivéssemos, como as crianças, VALENTIA para enfrentar os desafios, como quando tentam subir numa mesa escalando primeiro uma cadeira; se soubéssemos utilizar a sua TENACIDADE para perseguir os nossos objetivos, teríamos mais segurança nas nossas atuações. Com essa fé na nossa capacidade de conseguir o impossível, chegaríamos a qualquer lugar que quiséssemos.

Seria maravilhoso se tivéssemos a NATURALIDADE que as crianças têm até para satisfazer as suas necessidades. Se querem comer, comem; se querem brincar, brincam; se querem dormir, dormem... Mas nós, se queremos comer, conformamo-nos em beber alguma coisa ou fumar um cigarro para que os outros não nos achem mal-educados; se nos apetece brincar (dedicar um tempo às coisas de que gostamos), exigimos de nós mesmos “responsabilidade” e buscamos outra ocupação mais urgente; e se queremos dormir, enchemo-nos de café para não parecer cansados...

Se soubéssemos encontrar a mesma facilidade que elas têm para DESFRUTAR DAS COISAS SIMPLES, não teríamos que recorrer às bebidas alcoólicas ou outras drogas, e provavelmente precisaríamos menos de aparelhos sofisticados para nos distrair (televisão, rádio, vídeo...). Também nos divertiríamos mais com os nossos amigos, colegas e familiares.

Se voltássemos a ter a sua ENERGIA E VITALIDADE, viveríamos mais intensamente e aconteceria conosco o mesmo que com elas: ao deitar na cama dormiríamos imediatamente, sem ter que ficar virando de um lado para outro até o sono chegar.

Se conseguíssemos ter a mesma AMBIÇÃO DE INDEPENDÊNCIA, só pediríamos ajuda quando realmente precisássemos, e não seríamos tão comodistas nem agiríamos como se os outros fossem nossos escravos. As crianças pedem a toda hora: “deixa eu fazer”... e nós não deixamos, porque pensamos que elas não sabem fazer nada direito. Assim, quando crescem, ficam como nós, com as qualidades atrofiadas porque sempre deixamos que os outros façam aquilo que poderíamos fazer nós mesmos sem muito esforço.

Também teríamos de aprender das crianças pequenas a sua DESPREOCUPAÇÃO PELO QUE OS OUTROS VÃO DIZER. Elas são como são; somos nós, os adultos, que nos empenhamos em inculcar-lhes que devem preocupar-se pelo que os outros vão pensar ou vão dizer, que devem sempre agradar e contentar os que estão à sua volta. Não digo que isso seja ruim: digo que só é bom quando o fazemos por amor, por querer realmente fazer o bem ao próximo. Só que fazer o bem e agradar nem sempre andam juntos.

Nunca poderemos agradar a toda a Humanidade. Portanto, por que renunciar a sermos nós mesmos e renunciar à nossa felicidade? Só porque é mais fácil? Só para evitar conflitos?

As crianças AMAM OS SEUS SEM CONDIÇÕES, sem chantagens, medos ou desconfianças. Se amássemos assim, os favores aos nossos amigos não nos custariam tanto, bem como não nos custaria dizer-lhes “não” de vez em quando.

Fonte:
http://www.quadrante.com.br/

Um comentário:

Mahgaroh Prats disse...


Seria maravilhoso se tivéssemos a NATURALIDADE que as crianças têm até para satisfazer as suas necessidades. Se querem comer, comem; se querem brincar, brincam; se querem dormir, dormem... Mas nós, se queremos comer, conformamo-nos em beber alguma coisa ou fumar um cigarro para que os outros não nos achem mal-educados; se nos apetece brincar (dedicar um tempo às coisas de que gostamos), exigimos de nós mesmos “responsabilidade” e buscamos outra ocupação mais urgente; e se queremos dormir, enchemo-nos de café para não parecer cansados...